Potash Gold: Iniciativas de Fertilizantes do Brasil, o Projeto Potássio Autazes e o Povo Mura
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Local de mineração de potássio
Adriano Espeschit, presidente da Potássio do Brasil, está na clareira perto de um local de perfuração cercado por árvores com menos de 5 anos e pastagens limpas, a 12 quilômetros do Rio Madeira, perto de Autazes, uma cidade no estado do Amazonas, no Brasil. Esta clareira é onde os prédios da usina serão construídos.
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Estrada para o Porto
A Potássio do Brasil construirá uma estrada pavimentada de sua usina até a Vila Urucurituba, no Rio Madeira.
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Vila Urucurituba
A aldeia de Urucurituba pertence ao município de Autazes, no Amazonas, Brasil, com uma população de mais de 1.700 indígenas e não indígenas em 2020.
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Praça da Vila de Urucurituba
Um hospital localizado na praça da Vila de Urucurituba, perto de onde o porto será construído.
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Sítio do Porto
O atual porto da Vila Urucurituba abriga um posto de gasolina e uma pequena passarela. A Potássio do Brasil planeja construir um porto maior que permitirá o transporte de potássio por barcaça.
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Proprietários de empresas locais
Os empresários José Roberto Torres Araujo e sua esposa, Araide Zacarias Araujo, e seu filho Ardaico Zacarias Araujo administram uma loja de suprimentos local no Rio Madeira, perto do local do projeto, e estão animados com o aumento de negócios que a mina trará para sua comunidade.
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Projeto Escolar
Como projeto social, a Potássio do Brasil apoia financeiramente a Entidade Casa da Luz da Infância de Autazes, escola que fornece alimentação e reforço escolar para alunos do ensino fundamental ao médio que necessitam de apoio educacional e de bem-estar.
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Viveiro de árvores
O Viveiro Potássio do Brasil, em Autazes, está cultivando e doando milhares de mudas de cacau, caju, maracujá, moringa e outras árvores nativas para ajudar a restaurar a vegetação na região afetada pela pecuária e queimadas.
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Reunião na Sede do CIM
Conselho Indígena Mura/Conselho Indígena Mura (CIM) reunido com funcionários do Potássio do Brasil. (Da esquerda para a direita) Ediel Mura, Tuxaua e Tesoureiro-Chefe da CIM; Evandro Carioca, assistente do CIM; Rebeca Larrat, Diretora Jurídica da Potássio do Brasil; Adriano Espeschit, Presidente da Potássio do Brasil, e Kleber Mura, Coordenador Geral da CIM.
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Amostras do Site
Como parte de sua licença, a Potássio do Brasil precisa coletar amostras da área para manter sua autorização.
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Potassa
O produto final do local é o potássio, um fertilizante cobiçado no Brasil e no mundo.
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Local de mineração de potássio

Estrada para o Porto

Vila Urucurituba

Praça da Vila de Urucurituba

Sítio do Porto

Proprietários de empresas locais

Projeto Escolar

Viveiro de árvores

Reunião na Sede do CIM

Amostras do Site

Potassa

Por Renee Targos
O local do Projeto Potássio de Autazes fica em um planalto superior na costa do Rio Madeira, perto da cidade de Autazes, no estado do Amazonas, no Brasil.
É o maior projeto de fertilizantes potássicos do Brasil e um dos seis atuais empreendimentos de fertilizantes de várias empresas que se esforçam para atender às necessidades do país. Plano Nacional de Fertilizantes 2023-2050 (Plano Nacional de Fertilizantes ou PNF) para reduzir as importações em 50% e alcançar autonomia tecnológica até 2050.

Legenda a seguir
Com o conflito Ucrânia-Rússia fazendo os preços do potássio dobrarem em 2022, os líderes do governo brasileiro aprovaram o PNF para evitar um cenário semelhante no futuro. Mas, desde o ano passado, o Brasil ainda importa 89% das 46 milhões de toneladas de NPK (nitrogênio, fósforo, potássio) consumidas anualmente.
Adriano Espeschit, presidente da Potássio do Brasil, empresa brasileira controlada pela canadense Brazil Potash, lidera o Projeto Autazes Potássio.
Executivo experiente em mineração que trabalhou na Austrália, Canadá e Brasil, Espeschit tem experiência em licenciamento ambiental e processos de engajamento comunitário.
Mas esse projeto tem uma circunstância especial: a mina fica 800 metros abaixo da superfície, na Amazônia.
Embora o projeto atual não esteja localizado em uma floresta tropical protegida ou em terras indígenas, mas sim em terras de baixa densidade de criação de gado desmatadas por antigos proprietários há várias décadas, organizações não governamentais expressaram preocupação.
Após a primeira perfuração em janeiro de 2010, o projeto teve várias paradas e recomeços, incluindo a necessidade de cumprir com rigorosos procedimentos de licenciamento e abordar requisitos de engajamento da comunidade. Após realizar inúmeras reuniões comunitárias, concluir consultas e iniciar um diálogo contínuo com representantes dos Povos Indígenas Mura para discutir impactos ambientais e socioeconômicos na região, a empresa obteve 21 licenças de instalação para a construção do Projeto Autazes Potash.
Em 14 de fevereiro de 2025, Espeschit apresentou uma atualização a Geraldo Alckmin, vice-presidente da República do Brasil, na sede do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O PNF é supervisionado pelo CONFERT – o Conselho Nacional de Fertilizantes, presidido por Alckmin, que se reporta diretamente ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. O fertilizante tem alta importância para o Brasil, um país que se classifica como um dos líderes mundiais na produção de alimentos e o terceiro maior exportador de produtos agrícolas.
José Carlos Polidoro, Assessor de Programas e Projetos Estratégicos e Secretário Executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Pesquisador Sênior da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), organização governamental fundada em 1973 para promover pesquisa, desenvolvimento e soluções inovadoras para a agricultura sustentável, diz que vários projetos estão em andamento para cumprir as metas e prazos do PNF.

José Carlos Polidoro, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
“O Brasil não teve uma política pública para fertilizantes nos últimos 40 anos”, diz Polidoro. “Com o PNF, após três anos de existência, há dois novos projetos de fertilizantes nitrogenados (Três Lagoas/MS e Macaé/Rio de Janeiro), um novo projeto de potássio no estado de Sergipe e dois novos projetos de fosfato em Minas Gerais e no Ceará.
“Esses projetos, somados ao Projeto Potássio Autazes, mais a retomada de três fábricas da Petrobras S/A (nitrogênio) que estão atualmente inativas”, continua Polidoro, “farão com que o Brasil produza 50% de fertilizantes nitrogenados, 60% de fertilizantes fosfatados e até 35% de fertilizantes potássicos até 2030”.
No entanto, a jornada é difícil. Espeschit encontrou vários obstáculos que o PNF está começando a abordar no Projeto Potássio de Autazes e outros locais. “Questões ambientais são de fato uma prioridade, e estamos conectando os processos de licenciamento federal, estadual e municipal em um único, aumentando a transparência”, diz Polidoro. “Da mesma forma, estamos organizando a governança em questões sociais, como não vemos apenas em Autazes/AM, mas também em Santa Quitéria/Ceará, um projeto de fosfato.”
Paralelamente aos esforços de licenciamento, em julho de 2025, o PNF inaugura a instituição público-privada do Centro de Excelência em Fertilizantes e Nutrição de Plantas (CEFENP) para “desenvolver tecnologias, atrair investimentos para a produção de fertilizantes inovadores e capacitar profissionais da indústria para a fazenda”, diz Polidoro.
O Sítio

Adriano Espeschit, presidente da Potássio do Brasil, no atual porto da vila de Urucurituba, no Rio Madeira.
Enquanto o governo brasileiro trabalha para resolver problemas com a produção de fertilizantes no país, empresas como a Potássio do Brasil estão enfrentando desafios.
O valor atual investido no Projeto Potássio Autazes é de USD $270 milhões. Um adicional de USD $2,5 bilhões será investido para construir a planta de 500 hectares acima do solo, além de minerar o depósito de potássio (13 km por 10 km) 800 metros abaixo da superfície. Também está sendo construída uma estrada da planta até um porto na vila próxima de Urucurituba para transportar potássio pelo Rio Madeira por barcaça.
Espeschit diz que o local do Projeto de Potássio de Autazes pode ser explorado por 23 anos, produzindo mais de US$ 1 bilhão em vendas de potássio por ano.
Enquanto ele está na clareira perto de um local de perfuração cercado por árvores com menos de 5 anos e pastagens limpas, ele aponta onde os edifícios para a usina ficarão.
“Imagine, podemos ter potássio aqui para suprir todas as necessidades dos nossos produtores e exportar por vários anos”, diz Espeschit.
Embora os produtores brasileiros precisem de potássio, assim como os produtores ao redor do mundo, os moradores locais e o povo Mura tinham sua própria perspectiva do projeto.
O Povo Mura

Kleber Mura, Coordenador Geral do CIM (à esquerda) e Ediel Mura, Tuxaua e Tesoureiro Chefe do CIM (à direita) em frente a um mural no escritório do CIM.
Em um prédio térreo de tijolos em Autazes, sede do Conselho Indígena Mura/Conselho Indígena Mura (CIM), Kleber Mura, Coordenador Geral do CIM; Ediel Mura, Tuxaua e Tesoureiro Chefe do CIM; e Evandro Carioca, Assistente do CIM sentam-se em uma mesa de escritório com a equipe da Potássio do Brasil para discutir eventos recentes e compartilhar suas perspectivas sobre o Projeto Potássio de Autazes. A reunião acontece após um longo dia de conversas e celebrações compartilhadas em uma Conferência Interna do Povo Mura reunindo os Chefes e membros de 36 tribos Mura localizadas no município de Autazes.
A história por trás do relacionamento complexo entre a empresa e os povos indígenas abrange mais de uma década. Em 2015, a Potássio do Brasil sediou audiências públicas com mais de 4.500 pessoas, incluindo moradores locais e o Povo Mura, de acordo com o processo do Brasil para obter uma licença para o local.
Uma organização não governamental contestou que o Povo Mura não foi consultado de acordo com a Resolução 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que declara que os povos indígenas terão acesso a consultas livres e informadas da maneira que escolherem e de acordo com seu próprio Protocolo de Consulta.
A gerência da Potássio do Brasil concordou voluntariamente em suspender temporariamente a licença da empresa para garantir o cumprimento da OIT 169. O Povo Mura estabeleceu seus próprios critérios de participação. Assim, o Povo Mura construiu o Protocolo de Consulta e Consentimento do Povo Mura de Autazes, no qual exigiam que pelo menos 60% das tribos estivessem envolvidas e 60% dos votos a favor.
As consultas começaram em novembro de 2019 e terminaram em setembro de 2023, com um hiato entre 2020 e 2022 devido à pandemia de COVID-19.
Em setembro de 2023, 34 das 36 aldeias votaram, o que representou um histórico 94% de membros tribais participando, com mais de 90% votando a favor do projeto sob uma estrutura mutuamente acordada que inclui compromissos sociais e ambientais.
Em janeiro deste ano, a Potássio do Brasil assinou um Acordo Preliminar de Cooperação com o Conselho Indígena Mura (CIM) de Autazes que estabelece um arcabouço preliminar para colaboração entre o Projeto e as comunidades indígenas Mura com a implementação do “Plano Bem Viver Mura” – que é um programa de desenvolvimento sustentável. A empresa também começou a investir em iniciativas de desenvolvimento social e cultural para aldeias indígenas representadas pelo CIM; e um compromisso com programas socioeconômicos e ambientais alinhados com o licenciamento ambiental atual e requisitos legais.
Kleber e Ediel estão observando os benefícios do projeto.
“Um dos pilares de nossas reuniões é manter nossa cultura”, diz Ediel. “Agora temos a oportunidade de restaurar nossa cultura.”
Os líderes do Povo Mura estão investindo recursos para unir as tribos, como na recente conferência, e promovendo a cultura do Povo Mura em projetos de arte.
“O trabalho feito por esses artistas, com o apoio do projeto, pode renovar a programação artística e disseminar mais informações sobre sua cultura”, afirma Ediel.
Quando perguntado sobre os efeitos de longo prazo no meio ambiente, Kleber diz: “Convidamos pessoas da universidade que eram especialistas. Temos conhecimento das medidas que a empresa colocará em prática para mitigar ou evitar um impacto no meio ambiente.
“Com base nas informações que recebemos com o trabalho está a 800 metros de profundidade, bem abaixo dos aquíferos e rios, com a tecnologia que eles vão implementar, não há como criar uma diferença nos rios”, continua Kleber. “Temos a garantia da segurança dos recursos hídricos. O método de extração não provocará supressão da vegetação nem perturbará o ecossistema natural.”
O Povo Mura também está interessado nos esforços de reflorestamento do Viveiro Potássio do Brasil, que está cultivando cacau, caju, maracujá, moringa e outras árvores nativas para doar à comunidade e repor a floresta que foi queimada ou destruída pelo gado.

Leilson Oliveira, Técnico/Gerente Agroflorestal (esquerda) e Gederson Lima, Auxiliar Agroflorestal (direita) do Viveiro Potássio do Brasil.
“Teremos mais saúde, mais empregos e a garantia de que nossa cultura estará presente para as gerações futuras”, diz Kleber. “Teremos programas que beneficiarão nossa cultura e economia.”
A Comunidade
Kleber e Ediel não são os únicos animados com o aumento financeiro que o projeto vai trazer.

Ardaico Zacarias Araujo administra uma mercearia/loja de suprimentos com seus pais no Rio Madeira, perto do local do Projeto Potássio de Autazes.
Os donos de lojas Jose Roberto Torres Araujo e sua esposa, Araide Zacarias Araujo, e seu filho, Ardaico Zacarias Araujo, administram uma mercearia/loja de suprimentos no Rio Madeira, perto do local do projeto. Eles estão no negócio há 20 anos. Com o Projeto Potássio Autazes trazendo potencialmente 2.600 empregos durante a fase de construção e 1.300 empregos para os 23 anos de mineração, isso só pode significar mais dinheiro para os negócios locais.
Ardaico pensa no futuro do filho de 7 anos. Com a Potássio do Brasil investindo no viveiro de árvores e nas escolas locais, Ardaico diz que isso complementa seu trabalho para melhorar as condições, já que ele instalou recentemente a internet na escola local.

Eva Cristina Farias de Menezes, Gestora da Entidade Casa da Luz da Infância de Autazes, AM e Espeschit numa sala de aula, onde as crianças locais recebem reforço escolar.
A empresa também está apoiando a Entidade Casa da Luz da Infância de Autazes, AM, que é uma organização sem fins lucrativos de base religiosa que dá suporte suplementar a crianças por meio de tutoria e refeições. Este programa ajuda a manter as crianças saudáveis e no caminho certo para concluir sua educação.
Além dos programas de apoio educacional, Ardaico acredita que a mina também melhorará as oportunidades de emprego.
“O trabalho típico aqui na área é pecuária ou outras coisas. Tive que me mudar para Manaus para trabalhar em uma empresa de fabricação de sacolas antes de voltar. Com o projeto, meu filho terá oportunidades mais perto e não precisará se mudar”, diz Ardaico.
O resultado
Com quase 30 milhões de toneladas de potássio necessárias até 2050 somente no Brasil, o projeto desempenha um papel importante não apenas em seu país de origem, mas também à medida que as tensões geopolíticas aumentam entre os países fornecedores de potássio, como Canadá e Estados Unidos, e à medida que os produtores precisam alimentar uma população mundial crescente.
Embora produtores brasileiros e de outros países estejam aumentando a adoção de bioestimulantes, eles nunca substituirão os fertilizantes.
“Os bioestimulantes podem aumentar a eficiência dos fertilizantes NPK”, diz Polidoro. “Eles não fornecem os nutrientes nas quantidades necessárias em sua composição. Eles nunca os substituirão.”
À medida que o projeto avança, nem todos os membros do Povo Mura são tão favoráveis quanto os ambientalistas, mas com um livro cheio de centenas de nomes de moradores locais e membros do Povo Mura, as pessoas que vivem na região querem o projeto, mesmo com as mudanças, pelo desenvolvimento que ele trará.
O governo brasileiro continua apoiando esforços para ajudar a estabilizar os insumos agrícolas necessários para seus produtores.
“O Brasil está se tornando um dos melhores destinos para investimentos em produção, comércio e inovação de fertilizantes no mundo. Principalmente em uma nova indústria que se baseia na descarbonização da economia, no aumento da eficiência agronômica no campo e na exploração racional de fertilizantes”, afirma Polidoro.
“Um exemplo é o programa Nova Indústria Brasil, liderado pelo Ministério do Desenvolvimento da Indústria, Comércio Exterior e Serviços do Brasil, que destinará $700 milhões de dólares para impulsionar a indústria de fertilizantes de base tecnológica no país”, continua Polidoro. “O Centro de Excelência está esperando que empresas multinacionais de fertilizantes se juntem a nós.” •