Fertilizante: Fabricado no Brasil
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Por Renee Targos
Editor
O Brasil aprendeu nos últimos três anos como terceirizar fertilizantes pode ser um negócio arriscado. Com o Brasil importando 85% de seu fertilizante, e como o quarto maior consumidor de fertilizantes globalmente, o país se viu em uma posição tênue durante as quebras da cadeia de suprimentos da COVID-19 e a guerra Ucrânia-Rússia, interrompendo os 25% de fertilizantes importados da Rússia.
Numa rápida mudança, o governo brasileiro lançou o Plano Nacional de Fertilizantes 2022-2050 (Plano Nacional de Fertilizantes) para aumentar a produção nacional de fertilizantes de 15% (2022) para 55% (2050).
Os objetivos do NFP também incluíam atrair investimentos estrangeiros para ajudar as empresas brasileiras a expandir o setor de fertilizantes e produtos para a saúde vegetal.
Para a Yara Brasil, empresa que lidera cerca de 150 estudos sobre os benefícios do uso de fertilizantes em diferentes culturas agrícolas com instituições, o NFP ainda precisa de alguns ajustes.
Francielle Bertotto, Gerente de Desenvolvimento de Negócios e Sustentabilidade da Yara Brasil
“Ele aborda um conjunto de iniciativas que visam transformar a infraestrutura nas próximas décadas, permitindo que o Brasil produza pelo menos metade dos fertilizantes que consome”, diz Francielle Bertotto, Gerente de Desenvolvimento de Negócios e Sustentabilidade da Yara Brasil. “O lançamento do plano é um bom primeiro passo. Mas para que isso se torne realidade, somente um aumento significativo na competitividade da produção nacional, aliado a uma maior segurança relacionada ao acesso a matérias-primas a custos competitivos, especialmente o gás natural no caso dos fertilizantes nitrogenados, e a uma regulamentação tributária mais estável darão aos investidores confiança suficiente para empreender esses investimentos substanciais.”
Investimentos são necessários, pois os produtores brasileiros continuam a aumentar o uso. De acordo com a Associação Nacional para Promoção de Fertilizantes (ANDA), é relatado que o mercado de fertilizantes deve crescer para 45 Mt em 2024, o que é um aumento de 2% ano a ano.
Empresas como Yara e EuroChem estão intensificando seu jogo para atender às necessidades. Em 2022, a EuroChem adquiriu sua primeira operação integrada de mineração de fosfato na região da Serra do Salitre, Minas Gerais. A previsão é que no primeiro trimestre deste ano, a Salitre adicione +1MMT de produção de fertilizantes fosfatados e forneça 15% de todos os fertilizantes fosfatados para o mercado brasileiro.
Gustavo Horbach, Chefe da América do Sul da EuroChem
Gustavo Horbach, chefe da EuroChem na América do Sul, diz que a orientação do NFP do governo para remediar a terceirização de fertilizantes é boa e é o que os produtores brasileiros precisam. “As políticas que estão sendo postas em prática pelo Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas (CONFERT) ajudarão a reduzir vulnerabilidades externas e alta dependência de importações de 85% para cerca de 50% até 2050 e, consequentemente, fornecer maior segurança de abastecimento aos produtores rurais.”
Maximizando os rendimentos
À medida que as mudanças climáticas trazem temperaturas mais altas, seca e chuvas excessivas, os produtores brasileiros estão buscando fertilizantes e produtos fitossanitários para ajudar as plantações a se tornarem mais resistentes aos estressores abióticos.
Há também uma tendência de produtores usarem práticas de agricultura regenerativa. Empresas multinacionais estão investindo em suportes para produtores adotarem práticas regenerativas, como o investimento de $1,3 bilhão da Nestlé em 2021, bem como compromissos e investimentos da Pepsico, Starbucks e General Mills.
“Agricultores no Brasil e no mundo estão cada vez mais buscando insumos de alta tecnologia que forneçam nutrientes essenciais para as plantas e tenham baixa emissão de gases de efeito estufa”, diz Bertotto. “Eles visam contribuir para o desenvolvimento da agricultura regenerativa, que vai além da mera proteção do meio ambiente para restaurar suas características naturais. Além disso, há um interesse crescente em soluções com efeitos preditivos relacionados a eventos climáticos extremos, como o El Niño. Nesse sentido, o uso de produtos biológicos está ganhando popularidade entre os agricultores.”
Não está apenas enfrentando a mudança climática, mas também aumentando os rendimentos para um mundo que precisa da produção do país. “O Brasil é o terceiro maior exportador de produtos agrícolas depois dos EUA e da UE, produzindo alimentos anualmente suficientes para alimentar 800 milhões de pessoas”, diz Horbach.
“A tendência na indústria continua sendo para produtos que maximizem os rendimentos, enquanto minimizam nosso impacto ambiental”, Horbach continua. “Por exemplo, produtos que aumentam a eficiência do uso de nitrogênio enquanto reduzem as emissões de gases de efeito estufa, e solúveis em água que permitem microaplicação é onde vimos o crescimento da demanda de 10% ano após ano.”
Iniciativas Governamentais
Em termos de regulamentação, o governo brasileiro está trabalhando para agilizar o processo de fertilizantes, com ressalvas para produtos fitossanitários.
Viviane Kunisawa, sócia da Daniel Law no Brasil, diz: “O Brasil depende muito da importação de fertilizantes e seu registro é um requisito para comercialização e uso. No entanto, para ter mais eficiência, o Ministério da Agricultura implementou um sistema de registro automático, que não isenta os produtos de cumprir padrões de composição e qualidade de acordo com a legislação – requisitos que são sujeitos a fiscalização. Os bioestimulantes, via de regra, têm que demonstrar bioatividade e, consequentemente, não têm direito ao sistema de registro automático.”
Além de agilizar o processo regulatório, políticas públicas estão ajudando a construir a infraestrutura para aumentar a produção de fertilizantes, como o Fertilizer Industry Development Program (Profert), que também é projetado para auxiliar no acesso a matérias-primas, bem como no desenvolvimento de negócios. Há também uma necessidade de suporte aos produtores.
“A solução para os desafios que a sociedade e o planeta enfrentarão nos próximos anos passa por uma agricultura mais produtiva e sustentável, onde os agricultores sejam recompensados não apenas pelo quanto produzem, mas por como produzem”, afirma Bertotto. “Esse cenário tem sido crucial para mudanças significativas na cadeia de valor alimentar, onde práticas mais sustentáveis serão recompensadas, criando um ciclo positivo e duradouro. •
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Francielle Bertotto, Gerente de Desenvolvimento de Negócios e Sustentabilidade – Yara Brasil
Gustavo Horbach, Head da América do Sul – EuroChem