Biocombustíveis: Perspectivas 2010
Apesar do desenvolvimento da produção de biocombustíveis de segunda geração, particularmente nos EUA, serão o bioetanol e o biodiesel de processos e culturas convencionais que terão o maior impacto na agricultura global nos próximos cinco anos.
Um relatório recente, “Biocombustíveis – Seu impacto na produção agrícola em todo o mundo”, escrito para o benefício das indústrias agroquímicas e de outros insumos agrícolas, projeta que três regiões e quatro culturas dominam o cenário dos biocombustíveis hoje e continuarão a fazê-lo até 2013 e além.
O Brasil lidera o caminho. Em 2008, metade dos 6,5 milhões de hectares de cana-de-açúcar colhidos foi usada para produção de bioetanol. Com base na demanda local e investimentos em andamento, ou planejados, mais 2 milhões a 3 milhões de hectares de cana precisarão ser plantados até 2013. O Brasil está bem posicionado para ter pastagens disponíveis sem invadir a floresta tropical. O baixo custo de produção também é uma grande vantagem. O Brasil e a Argentina também estão fortemente comprometidos com a produção de biodiesel a partir da soja. Já cerca de 8% de soja brasileira são cultivadas para biodiesel com até 20% da área projetada até 2013. Grande parte do biodiesel produzido na América Latina é para exportação, com a UE como o principal mercado.
Nos EUA, a escassez de terras para cultivar milho para bioetanol é um problema importante. A pressa inicial para investir em plantas de processamento e o consequente efeito nos mercados de ração e instabilidade de preços foi um fator importante para atiçar o debate "alimento versus combustível" em escala global. Cerca de 17% de milho dos EUA foram usados para bioetanol em 2008. Em 2013, podem ser 25%. Não é frequentemente mencionado pelos antagonistas o fato de que o grão de destilaria, uma rica fonte de proteína recuperada de plantas de bioetanol, contribui muito para reduzir o impacto nos mercados de ração de milho.
A UE é líder global na produção de biodiesel, principalmente a partir de óleo de colza e óleo de girassol. A Alemanha é, de fato, o produtor número 1 do mundo. O óleo diesel é mais popular na UE do que em muitos mercados e, com uma meta de 5.75% de combustíveis de transporte provenientes de fontes renováveis até 2010, isso levou à instalação de mais de 270 usinas na região. Parte do biodiesel continuará a vir de importações, pois mais da metade da colza já é usada para biodiesel. No entanto, projeta-se que serão necessários mais 3 milhões a 4 milhões de hectares.
A China converteu 20% de sua safra de milho em bioetanol em 2008. Mas o governo chinês está tentando evitar o conflito com os mercados de ração e está buscando desenvolver a mandioca como uma fonte para o futuro.
As despesas anuais estimadas com agroquímicos até 2013, especificamente para culturas de biocombustíveis, são: US$ $750 milhões em cana-de-açúcar no Brasil, US$ $1,6 bilhão em milho nos EUA e US$ $1,8 bilhão em colza na UE. A situação é bastante dinâmica, no entanto. As estimativas de crescimento para os EUA foram reduzidas desde as previsões feitas em 2008 devido à instabilidade do mercado. Enquanto isso, mais tarde em 2010, a UE está programada para introduzir novos critérios de sustentabilidade que podem afetar a proporção de tonelagem de biodiesel produzido localmente para importado.
Mas uma coisa é clara: a demanda por culturas de biocombustíveis aumentará por mais alguns anos e em quase todas as regiões produtoras de culturas do mundo. Muitos países asiáticos, embora começando mais tarde, mostram todos os sinais de que estão se voltando para o consumo de biocombustíveis e, quando possível, para a produção local. Fontes não agrícolas, como o biodiesel de algas, parecem encorajadoras, mas é muito cedo para dizer se, e quando, elas causarão um impacto significativo.