Grande projeto GNSS aumentará o potencial da agricultura de "satélites" no Brasil
A Universidade de Nottingham está trabalhando com parceiros brasileiros e da UE para resolver problemas de interferência atmosférica que dificultam o posicionamento baseado em satélite em países equatoriais como o Brasil.
A rede de pesquisa apoiará o avanço da agricultura de precisão, que visa tornar as práticas agrícolas mais baratas, mais ecológicas e mais eficientes, usando posicionamento por satélite e sensoriamento remoto.
Essas tecnologias dependem de Sistemas Globais de Navegação por Satélite (GNSS) — como o GPS dos EUA e o novo equivalente europeu, Galileo — para obter coordenadas com precisão de centímetros na Terra. Os agricultores então usam esses dados precisos em tempo real para otimizar o uso de fertilizantes, para dirigir máquinas autônomas e para mapeamento do solo para maximizar a produção agrícola em uma tentativa de alimentar uma população mundial cada vez maior.
Apesar de seu potencial revolucionário, as taxas de adoção da agricultura de precisão em países de regiões equatoriais como o Brasil são prejudicadas por fenômenos específicos na alta atmosfera da Terra (a ionosfera), conhecidos como cintilação ionosférica.
A cintilação ionosférica afeta a integridade, disponibilidade e precisão do posicionamento de satélite. Especificamente, ela causa interferência na propagação de sinais de satélite conforme eles passam pela ionosfera, dificultando que os receptores GNSS travem em satélites e rastreiem seus sinais. Isso resulta não apenas em grandes erros, mas às vezes em interrupções completas do serviço.
“As fortes flutuações de sinal que caracterizam a cintilação ionosférica são causadas pelo comportamento irregular da ionosfera típico das latitudes equatoriais, afetando a maior parte do território brasileiro, daí a importância da colaboração bilateral na rede PEARL”, explica o líder do projeto, Dr. Marcio Aquino, do Nottingham Geospatial Institute da Universidade.